Em uma movimentação que representa a maior reestruturação da Polícia Militar da Bahia (PMBA) dos últimos anos, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) sancionou, nesta segunda-feira (8), um pacote de leis que amplia e descentraliza a presença da corporação em todo o estado. A cerimônia, realizada no Centro de Operações e Inteligência, no CAB, em Salvador, marcou a criação de novas unidades e a promoção de centenas de oficiais, em uma estratégia que visa aumentar a eficiência e o alcance do policiamento.
A iniciativa, classificada pelo governo como "um grande esforço de reorganização", tem como objetivo principal interiorizar e regionalizar a segurança. "É o intermédio entre o que estamos fazendo com a segurança pública e a responsabilidade de poder ajudar a construir uma Bahia mais segura. Segurança se faz com planejamento, orçamento e capacitação", declarou o governador.
O que foi implementado:
A reestruturação prevê a criação de três novos Comandos de Policiamento Regional (CPRs), que serão sediados nas cidades de Jequié, Alagoinhas e Irecê. Esses comandos terão a função de gerenciar estrategicamente o policiamento de vastas regiões, permitindo uma resposta mais ágil e adaptada às particularidades locais.
Além disso, serão implementados novos batalhões em regiões que demandam maior atenção, incluindo Nordeste de Amaralina e Itapuã (Salvador), Feira de Santana, Eunápolis, Luís Eduardo Magalhães, Jacobina, Valença e Candeias. Outros cinco municípios — Cafarnaum, Monte Santo, Conceição do Jacuípe, Cachoeira e Xique-Xique — receberão Companhias Independentes, unidades menores e autônomas que fortalecem a presença policial em áreas específicas.
Investimento em Carreira e Estratégia:
Para comandar essa estrutura ampliada, o governo autorizou a promoção em massa de 299 oficiais: 90 tenentes-coronéis, 95 majores e 114 capitães. Essas promoções preenchem os cargos de comando necessários e, segundo a administração estadual, servem como motivação e valorização da carreira.
Para o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, a medida vai além de uma mudança administrativa. "Demonstra, efetivamente, o engajamento e a preocupação com a segurança. De 2023 para cá, já são duas reestruturações. Estamos fortalecendo a PM e a Polícia Civil, criando condições para intensificar as operações", afirmou.
Descentralização: a chave para um policiamento mais eficaz
A major Dulce Tarapow, promovida a tenente-coronel após 31 anos de serviço, destacou a importância da descentralização. "Com a criação de mais comandos regionais, ocorre um olhar mais individualizado para regiões com características próprias, um olhar mais cuidadoso e atuante. Criar os cargos é uma alegria para a ascensão na carreira e a realização de sonhos", comemorou.
A visão é endossada pelo comandante-geral da PMBA, coronel Antônio Magalhães, que definiu o momento como "um avanço histórico" resultado de uma demanda antiga da corporação, atendida por um governador "sensível" à causa da segurança.
Contexto Nacional:
Especialistas em segurança pública frequentemente apontam que a regionalização e a aproximação das forças policiais das comunidades são estratégias-chave para reduzir índices de criminalidade. Ações semelhantes de expansão e interiorização já foram implementadas em outros estados brasileiros, como São Paulo e Minas Gerais, como forma de enfrentar a desafios logísticos e otimizar a gestão integrada do território.
A expectativa do governo baiano é que, ao descentralizar o comando e instalar novas unidades em regiões estratégicas, a PMBA consiga ampliar sua capilaridade, encurtar os tempos de resposta e, consequentemente, inibir a ação de grupos criminosos em todo o estado.